terça-feira, 20 de outubro de 2009

O Homem Lúcido



O homem lúcido sabe que a vida é uma carga tamanha de acontecimentos e emoções que nunca se entusiasma com ela, assim como não teme a morte. O homem lúcido sabe que viver e morrer são o mesmo em matéria de valor, posto que a Vida contém tantos sofrimentos que a sua cessação não pode ser considerada um mal.

O homem lúcido sabe que é o equilibrista na corda bamba da existência. Sabe que, por opção ou acidente, é possível cair no abismo, a qualquer momento, interrompendo a sessão do circo.

Pode também o homem lúcido optar pela Vida. Aí então, ele esgotará todas as suas possibilidades. Passeará por seu campo aberto e por suas vielas floridas. Saberá ver a beleza em tudo. Terá amantes, amigos, ideais. Urdirá planos e os realizará. Resistirá aos infortúnios e até às doenças. E, se atingido por algum desses emissários, saberá suportá-los com coragem e mansidão.

Morrerá o homem lúcido de causas naturais e em idade avançada, cercado por filhos e netos que seguirão sua magnífica aventura. Pairará então, sobre sua memória uma aura de bondade. Dir-se-á: aquele amou muito e fez bem às pessoas.

A justa lei máxima da natureza obriga que a quantidade de acontecimentos maus na vida de um homem iguale-se sempre à quantidade de acontecimentos favoráveis. O homem lúcido que optou pela Vida, com o consentimento dos Deuses, tem o poder magno de alterar esta lei. Na sua vida, os acontecimentos favoráveis estarão sempre em maioria.

Esta é uma cortesia que a Natureza faz com os homens lúcidos.

texto Caldaico(*) do VI século a.C.

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

A linha da insegurança (consciência)


Existe uma linha tênue entre tudo aquilo que divide a sua vida, algo como uma linha branca risca a giz em uma rua qualquer, uma contínua e deformada reta que você mesmo riscou, mas não sabe onde começou e muito menos onde ela vai parar, sabe-se apenas que ela existe e que em vários trechos você esbarrou fazendo pequenos cortes juntando sua sanidade a sua loucura, surtando deixando sua mente confusa. Linhas muito diferentes, porém semelhantes em um aspecto, foi você quem as desenhou!

Essas linhas são frágeis mas não sabe-se ao certo o por que de elas serem difíceis de serem quebradas, são apenas farelos de giz branco que com um sopro se desfaz, mas elas causam uma insegurança tão grande que chega até a beirar o medo e te impedem de fazer aquilo que realmente tem vontade, mas não faz por ter aquela maldito risco de giz branco na sua frente.

Você não tem coragem de enfrentar alguém com mais "poder" que você mesmo quando está certo por causa dessa linha, você não consegue chegar e conversar com aquela pessoa que conhece faz tempo e sente algo importante por ela por essa maldita linha, deixa de tomar várias atitudes que gostaria de ter tomado por causa dessa infíma mas tão poderosa linha.

Pra muitas pessoas essa linha se chama consciência, mas porque nossa consciência faz isso conosco? Sempre pensei que essa coisa era feita para nos ajudar e não para nos privar de coisas que queremos muito fazer, dizer, sentir por causa de uma simples insegurança causada por essa maldita linha. Mas fazer o que, somos todos reféns dessa linha, somos todos prisioneiros dessa tal linha de giz riscada no chão, pelo menos até acharmos um jeito de derrubar essa barreira, de pular esse muro e finalmente fazer o que queremos de verdade e não o que nossa insegurança diz o que dará certo ou não.